sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Elementos da AMI dizem que piroga afundada na Guiné-Bissau levava gente a mais



Os dois elementos da AMI (Assistência Medica Internacional), que saíram ilesos do naufrágio de uma piroga hoje ao largo de Bissau, deixando pelo menos 23 mortos, disseram que a embarcação levava gente a mais.


A piroga, que fazia a ligação entre a ilha de Bolama e Bissau, naufragou com um número incerto de passageiros. Entre os sobreviventes encontram-se Francisco Antunes e Mara Lopes, elementos da organização não-governamental portuguesa que trabalham em Bolama. 
"A canoa vinha superlotada, cheia de gente, e, quase a chegar a Bissau, a cerca de 700 metros da costa, tombou para um dos lados, entrou água, partiu-se a cobertura e, pronto, acabou por se afundar", descreveu aos jornalistas Francisco Antunes. 
Médico recém-formado e na Guiné-Bissau há um mês, Francisco Antunes disse que teve sorte por sair ileso do naufrágio.  
"Eu tive sorte porque estava numa das bordas da canoa, mesmo ao pé do motor, e saltei para água", relatou. 
"Fiquei um bocado à espera da Mara, ela veio comigo e fomos a nadar em direção à costa. As pessoas na costa viram o que se passou e rapidamente alguns barcos e pirogas de pescadores saíram em auxílio e fomos apanhados por uma delas", acrescentou o médico português. 
Mara Lopes, chefe da missão da AMI na Guiné-Bissau, também descreve um cenário de excesso de passageiros. 
"A canoa vinha efetivamente com pessoas a mais e foi muito fácil acontecer o que aconteceu, bastou haver um bocadinho de ondulação marítima para começar a entrar água de lado", destacou a portuguesa, sublinhando que esta foi a viagem mais difícil que fez entre Bolama e Bissau. 
Na Guiné-Bissau desde agosto e conhecedora das gentes de Bolama, Mara Lopes frisou que a consternação invade as pessoas daquela ilha. 
"Havia famílias inteiras que viajavam na piroga por causa das festas. Daquilo que eu sei de amigos de Bolama há pessoas que perderam vários membros da mesma família nesta tragédia", afirmou Mara Lopes. 
Os dois portugueses não sabem ao certo as origens do acidente, mas entendem que as autoridades deviam tomar medidas para a sobrelotação de pirogas, sobretudo com as cargas transportadas. 
"Penso que os responsáveis por este tipo de transportes deveriam ter em consideração este crime da sobrecarga", notou Mara Lopes. 
Em Bolama a AMI tem um projeto de desenvolvimento há mais de dez anos, ao abrigo do qual presta assistência a nível da saúde na região sanitária de Bolama/Bijagós e ainda conta com projetos ao nível de segurança alimentar e dinamização da sociedade local. 
Lusa

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